O joio e o trigo: a colheita se aproxima

                  A bíblia nos ensina que o joio deve crescer junto ao trigo, porém quando chegar a colheita o mesmo deve ser separado para ser queimado (Mateus 13:24-30). Em se tratando de uma plantação, estas duas espécies tão parecidas poderiam ser colhidas juntas por um agricultor menos atencioso, porém, em meio a tantas semelhanças existem diferenças tão sutis que apenas um olhar experiente e atento pode perceber. O joio, que também é conhecida pelo nome de cizânia (Lolium temulentum) é tão parecido com o trigo, que em algumas regiões costuma-se chamá-lo de falso trigo, contudo é uma erva daninha deste vegetal, largamente usado na culinária há milênios.
                        No Versículo 24 do capítulo 13 do Livro de Mateus, Jesus disse que o Seu reino é semelhante ao homem que semeia a boa semente no seu campo. Embora possamos encontrar algumas pequenas contradições nas palavras dos Apóstolos, posto que eram apenas simples homens, certamente não encontraremos qualquer engano ou contradição nas palavras de Jesus, elas são todas perfeitas, edificantes e produzem vida. Não apenas neste versículo Jesus se compara a um fazendeiro como em Mateus 25:14-30. 
                       Jesus plantou uma semente excelente e hoje podemos ver com nossos próprios olhos uma grande fazenda que chegou aos quatro cantos da terra, esta fazenda é a Sua Igreja, mas Ele, em sua sabedoria divina, sempre foi muito honesto com o Seu Povo, desde os dias em que esteve fisicamente entre nós: em seu onisciente conhecimento da alma humana e suas fragilidades, nos alertou que em meio à boa planta brotariam também ervas daninhas, como o joio é para o trigo. Ele também foi bastante honesto quando nos alertou que no mundo teríamos aflições (João 16:33), mas que deveríamos ter bom ânimo para vencê-las assim como Ele as venceu; estas aflições procedem do mundo, porém Nele encontraríamos a paz.



                    O joio deve crescer junto ao trigo

                          Atualmente praticamente todas as plantações de trigo ao redor do planeta são mecanizadas e o joio é morto antes que cresça, pois como não há como separá-lo na colheita mecanizada, pois sua presença junto ao trigo proporcionaria ao mesmo um sabor diferente, haja visto que suas espigas são tóxicas.
                   Certamente Cristo sabia que os frutos do trigo nos dão boa saúde e que os do joio nos faz mal e por isso Ele nos deixou esta reflexão tão emblemática: Por que devem ambos crescer juntos? Primeiramente devemos entender que Jesus trata as pessoas em suas vidas individuais e também coletivas e por que é extremamente misericordioso Ele dá a todas as pessoas uma grande oportunidade de conscientemente se adequarem a um padrão convívio tanto consigo mesmas como em meio ao mundo que as cercam de maneira que possam serem produtivas, para que com suas próprias experiências de vida possam aprender a não darem passos errados, mas acima de tudo, possam dar suporte emocional e até financeiro às pessoas próximas que possam necessitar e certamente, várias destas pessoas estão dentro da Igreja.
                       A parábola do joio e do trigo se inicia com uma comparação: "O Reino de Deus é como...", então antes mesmo de falarmos do joio e do trigo, não deveríamos primeiro sabermos um pouco mais deste Reino? Primeiramente sabemos que é eterno, depois soubemos que de igual modo, também o homem fora criado para também o ser, mas tendo sucumbido ao pecado, perdeu o dom da eternidade; soubemos que após a queda do homem Deus faz a primeira aliança com o gênero humano, por meio de Noé e esta aliança é renovada posteriormente com Abraão,  Moisés e depois com Jesus, que fez a última aliança, mas em que consistiam mesmo estas alianças? Em suma podemos dizer que se tratam de um padrão de comportamentos necessários para que o homem retome seu dom da eternidade, o qual havia perdido por conta do pecado, logo então estas alianças se tratam não apenas de promessas, mas também do comportamento necessário para tomar posse das mesmas, logo então temos de concluir que o Reino de Deus é conquistado por mérito, a vida eterna é conquistada por mérito.
                    O mérito que nos permite reconquistar o direito à vida eterna, portanto não é adquirido individualmente, mas sobretudo em nosso convívio diário com aqueles aos quais somos levados a conviver, seja por alguns minutos, horas, dias, anos, décadas, etc. Para que possamos obter êxito em nosso convívio com as pessoas que nos cercam devemos romper a primeira barreira e esta barreira é a da aproximação e da impressão que deixamos nestas pessoas para isso certamente não haverá virtude maior que a humildade; não podemos nos deixar parecer presunçosos, superiores, arrogantes, prejulgadores, mal humorados, mas devemos nos tornar acessíveis a todas as pessoas. A humildade, contudo é uma linha bastante tênue, pois quando imaginamos que a temos, esta já desapareceu. A humildade não pode ser compreendida como a atitude de declarar-se pequeno, mas sim da atitude de compreendermos que não somos superiores a ninguém, seja por questões culturais, financeiras, étnicas ou quaisquer outras coisas que, por um lapso, possa nos fazer imaginar que somos de alguma forma, melhores que as pessoas que nos cercam e isso também não quer dizer que devamos nos sentir inferiores a alguém.
              

               Se imaginarmos que vivemos em um planeta onde existem mais de duas centenas de nações, nações que falam milhares de idiomas e dialetos; se imaginarmos que este planeta tem mais de 7.000.000.000 (sete bilhões) de pessoas que são únicas em seu mundo interior; se imaginarmos que este planeta faz parte de um dos milhões de sistemas solares que existem somente na Via Lactea, onde o nosso sistema solar ocupa uma posição periférica; se imaginarmos que a outra extremidade da Via Lactea oposta ao nosso sistema solar está há cerca de 100.000 anos-luz de distância; se imaginarmos que existem cerca de 1.000.000.000 de galáxias, que abrigam cerca de dez sextilhões de estrelas, temos, para não corrermos o risco de sermos vistos como presunçosos ou mais precisamente como loucos, que nos recolhermos à nossa singela condição de simples mortais, admitindo que não existe conhecimento, dinheiro, fama, beleza, virilidade ou qualquer outra coisa que nos possa fazer melhores que nossos irmãos do gênero humano; admitindo que não há motivos para olhar nenhuma outra pessoa de cima para baixo a não ser para ajudá-la a levantar-se, como disse o sábio Gabriel Gárcia Márques.
                      Por que o joio deve crescer junto ao trigo? Não seria, por acaso, para que todos nós possamos aprender a nos edificar individual e coletivamente? Pode o joio crescer dentro da Igreja? Sim, ele não apenas cresce como também dá os seus frutos cheios de toxinas. Falando francamente, por acaso você nunca se decepcionou com algum irmão com o qual congrega e tem comunhão? Por acaso você nunca viu mentiras, fofocas, invejas, intrigas, arbitrariedades, arrogâncias, prepotências, prejulgamentos no seio da amada noiva de Cristo? Se você responder negativamente, acredito que você é um recém-convertido ou, no mínimo, lhe falta um pouco de humildade e sinceridade.
                       É bem verdade que a Igreja é um conjunto de pessoas que manifestam sua fé em Deus e em seu filho Jesus Cristo, mas também é verdade que este conjunto de pessoas é formado por indivíduos com as mais diferentes experiências de vida: pessoas que não tiveram ou desperdiçaram a oportunidade de instruir-se (não confundam instruir-se apenas em ter cursado uma faculdade, pois a instrução é muito mais que isso), pessoas que não tiveram ou desperdiçaram a oportunidade de ter laços familiares sólidos, pessoas que não tiveram ou desperdiçaram a oportunidade de ter uma vida financeira satisfatória, pessoas que foram marcadas por graves dramas sociais, como é o caso de pessoas que usaram drogas, que se prostituíram, que cometeram crimes. É bem verdade que ao entregar nossas vidas à Deus, Ele joga os nossos pecados no mar do esquecimento, como se nunca houvessem existido, pela sua infinita misericórdia; somente Ele tem tamanha capacidade e poder, enquanto nós não, pois somos frágeis e pequenos, raramente somos capazes de gestos generosos, mas ao contrário, muitos dos que fazem parte do Corpo de Cristo infelizmente não perdem a oportunidade de apontar o erro do irmão, enquanto o exemplo que Cristo nos deu foi outro totalmente diferente, lembram-se da história da mulher adúltera que seria apedrejada? Um simples gesto de Jesus foi suficiente para que todos se afastassem daquela mulher: Ele disse para que aquele que não tivesse pecados atirasse a primeira pedra. Na verdade esta é a grande causa dos conflitos dentro da Igreja de Cristo: apontar os erros dos irmãos parece nos fazer esquecer dos nossos, apontar os erros dos irmãos parece nos fazer mais santos e dignos de bençãos, e em casos mais bizarros, apontar os erros dos irmãos nos faz crescer no conceito das lideranças, apontar os erros dos irmãos nos faz ascender na carreira eclesiástica. Será que tudo isso será fruto da imaginação deste autor? Dizer tais coisas poderá qualificá-lo como arrogante ou humilde? prepotente ou sincero? Quem é joio e quem é trigo na seara do Senhor?



Jesus nos deixou uma fazenda para nela produzir

                 A parábola do joio e do trigo (Mateus 13:24-30 é conexa ao do senhor que foi fazer uma grande viagem e deixou seus bens aos seus servos para que esses administrassem (Mateus 25:14-30). O texto de Mateus 25 se refere a um senhor que partira para fora da terra: Jesus é este Senhor, Ele nos deixou formada a Sua Igreja, nas pessoas dos apóstolos, estes foram fecundos, com exceção de apenas um, todos deram bons frutos, todos, com exceção de um, colheram os molhos de suas searas; a Igreja é a fazenda a qual nos foi dada para dela cuidar; o senhor (Jesus) distribuiu individualmente os talentos para cada um dos seus funcionários, ou seja, a cada um entregou uma responsabilidade individual para que sua propriedade crescesse: a um deu cinco talentos, a outro dois e ao terceiro um talento, conforme suas capacidades e partiu para sua longa jornada.
                  Nestes quase dois milênios da partida de nosso Senhor, a história da Igreja nos apresenta vários joios, vários trigos, vários operários fecundos e outros vários estéreis. Notadamente os funcionários que ganharam talentos maiores também foram os mais fecundos enquanto aquele ganhou o menor talento o enterrou, sem fazer prosperar o seu quinhão de terra. O Senhor da terra conhece os seus funcionários, por isso mesmo ele dá as maiores tarefas para aqueles a quem mais confia (Lucas 12:43-48), por isso mesmo não deveria haver espaços para intrigas na seara do Senhor, pois cada um deveria zelar bem do talento que recebeu e assim sendo, se não puder ajudar o seu companheiro a multiplicar o seu talento, melhor é que continue cuidando bem do seu para que não venha confundir-se e perdê-lo.
                   Verdadeiramente, devemos admitir que, conforme diz o texto de Lucas 12:45, muitos ceifeiros acham que Jesus está tardando para pedir as prestações de contas da Sua igreja, falando francamente, muitos deles nem mesmo acredita que Ele realmente voltará e como joio que frutifica em meio ao trigo, dão frutos tóxicos, que cegam outros muitos crentes de boa fé, que carentes de uma palavra que os façam ter o sentimento de pertencimento a algo maior que suas modestas vidas, se entregam, sem o devido conhecimento das Escrituras ou ainda, sem medir as devidas consequências de suas decisões, contudo os fatos nos mostram que a SEARA ESTÁ MADURA E O TEMPO DA COLHEITA CHEGOU!!!

Por Nelsomar Correa, em 19.09.2014, às 18:29

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