Cristianismo e judaísmo: perspectivas imediatas (parte I)

            ATENÇÃO: Esta é uma série de estudos, por isso sugerimos que a leiam sequencialmente para que possam acompanhar o desenvolvimento do raciocínio que pretendemos levar aos nossos leitores. Você encontrará os links desta série ao final deste texto. Obrigado

    Não se pode falar em cristianismo sem falar em judaísmo, assim como não se pode falar do Novo Testamento sem falar do Velho, simplesmente por que o Velho Testamento atesta o Novo e o Novo Testamento confirma o Velho, justamente por isso não podemos compreender um sem conhecer o outro, pois estão profundamente interligados e o mesmo ocorre quando falamos de cristianismo e judaísmo.
    A religião dos hebreus tem origem na criação de Adão (ver nossa série O Criador). Todas as descendências de Adão são citadas na Bíblia até a pessoa de Jesus Cristo, em quem tem origem o cristianismo. A história dos primeiros personagens bíblicos era passada de geração em geração, sem contudo haver um registro escrito da mesma, até que é levantado Moisés, filho de Anrão e Joquebede, nascido da penúltima geração de escravos que serviram o Egito e que libertou os judeus da escravidão e reconquistou a terra prometida, sem mesmo ter pisado nela.
      Alguns arqueólogos relatam que existem anacronismos entre as datas informadas de alguns fatos escritos nos livros do pentateuco com as evidências encontradas em escavações e documentos extrabíblicos. A minha opinião particular é que eventuais erros humanos de alguns autores bíblicos não descaracterizam o teor dos fatos, ou seja, um fato pode ser narrado de maneiras diferentes por pessoas diferentes, segundo a visão, o conhecimento, as fontes e a emoção de cada indivíduo.
      Os próprios arqueólogos divergem-se quanto a diversos fatos da história humana, como a existência de Adão, do dilúvio, da abertura do Mar Vermelho, da ocupação de Canaã, além de outros extrabíblicos, mas é necessário que entendamos os interesses políticos e religiosos que influenciam cada vertente de pensamento.
                                                         

      A própria Bíblia garante que o que é verdadeiro se estabelecerá e o engano desaparecerá, do mesmo modo também diz que aquilo que o profeta profetiza de sua própria imaginação, o próprio Deus zelará para que não se cumpra, assim sendo, quando vemos o atual cenário do oriente médio e o estabelecimento de Israel como a maior potência daquela região, a diáspora iraniana (ver link: Diáspora iraniana), profetizada em Jeremias 49:35-39, a guerra na Síria (Isaías 17:1-3, Jeremias 49:23-27), o surgimento do Estado Islâmico (Daniel 11:21-45), dentre vários outros fatos previstos na Bíblia para o tempo do fim e que ocorrem hoje diante de nossos olhos, torna-se difícil ignorar o que ali está escrito.



      O esforço divino em mostrar a fidelidade de Sua aliança com Israel pode ser também percebido na própria existência do cristianismo, que surgiu em cumprimento às promessas que tem feito e registradas em diversos livros do Antigo Testamento e também do islamismo, que surgiu em cumprimento à promessa feita a Agar e registrada em Gênesis 17:18-23 e Gênesis 21:9-21, ver também nossa série de estudos Cristianismo e islamismo - perspectivas imediatas). Deus prometera à Abraão que sua descendência seria tão numerosa quanto às estrelas e incontável como a areia do mar. Se Deus também previu que os descendentes de Isaque e Ismael viveriam em conflito é por que existe um propósito neste conflito.
                                                         

    Deus fez uma promessa à Ismael, porém sua aliança ele prometeu à descendência de Isaque (Gênesis 17:20-21 e Gênesis 21:12-13). Os textos bíblicos dizem que a aliança de Deus será com Isaque, mas de Ismael fará uma grande nação. Que fatos dos dias atuais poderemos utilizar para discernirmos a diferença entre os conceitos de aliança e grande nação, que Deus determinou para as descendências de Isaque e Ismael, que são hoje representadas pelo judaísmo e islamismo?
        Devemos entender que a aliança estabelecida por Deus com Israel pertence à Ele e de igual forma a grande nação prometida à Ismael. A nação descendente de Ismael portanto, não pode ser uma nação segundo o conceito secular que temos de nação, ou seja, um país, mas sim um determinado povo que habite vários países que porém, seguem uma mesma fé e doutrina, tendo Deus como seu Senhor. A aliança, contudo, é algo mais profundo, que possui mais compromisso e portanto, mais sacrifício, por que a quem muito é dado, muito é requerido (Lucas 12:47-49). 
                                                          
O arco-iris representa a aliança de Deus com o homem

      Se uma nação pertence à Deus, então Deus ouvirá o clamor justo desta nação, logo não cabe a qualquer judeu ou cristão duvidar que Deus possa ouvir uma justa oração de um muçulmano. A aliança é um compromisso que vai além da relação vertical Deus-homem, ela pressupõe a possibilidade de uma ação conjunta entre Deus e homem, de modo a levar a cabo o projeto de redenção do gênero humano, que se iniciou com a queda de Adão, quando Jeová prometeu que da descendência de Adão levantaria Aquele que pisaria a cabeça da serpente (Gênesis 3:15), o Renovo, com quem faria uma nova aliança (Zacarias 3:8), o Senhor de toda a terra (Zacarias 4:14, Apocalipse 11:4), que restaurará o paraíso perdido por Adão, por que por um homem veio o pecado ao mundo e por um homem virá a redenção (Romanos 5:12), isso significa a possibilidade de que todos os homens se tornem seres eternos, assim como Adão era antes de sua queda. Este é o sentido da aliança que Deus prometeu à descendência de Isaque, ou seja, que dela levantaria homens que anunciariam e preparariam o caminho do messias, sendo este próprio ao mesmo tempo pertencente a esta descendência e filho de Deus, porquanto já existia em glória antes de nascer e voltou a existir em uma glória ainda maior depois de Sua morte e retornará para consumar sua missão entre todos os povos.
       Os cristãos não são obrigatoriamente descendentes de Isaque, como Jesus o é, mas pela fé em Cristo foram enxertados nesta árvore genealógica, por que também estava determinado que o Evangelho fosse levado a toda criatura, pois toda a terra e tudo o que nela há pertence a Deus e por Jesus tudo lhe foi restituído.
        Irmãos judeus, muçulmanos e cristãos, o agir de Jeová desde a queda de Adão, fez com que fôssemos renascidos não apenas no espírito, mas no caso dos descendentes de Adão, que são os povos semitas que ocupam o oriente médio e que por meio de diásporas provocadas por Ele, se espalharam pelos quatro cantos da terra, isto se dá também pela genética, sobre a qual estes não possuem qualquer domínio, ou seja, quer queiram quer não, estes estão inseridos nas promessas feitas por Jeová e contra isso somente pessoas extremamente insensatas podem argumentar.
     Quanto aos cristãos que não descendem de Adão mas que verdadeiramente receberam Jesus como seu Salvador e Redentor, estes também foram dignos de serem chamados filhos de Deus. Mas que diferença faz ser chamado filho de Deus ou não, uma vez que toda a terra e sua plenitude pertencem a Ele e Ele próprio é o Criador de toda a existência?
    Esta é a pergunta chave, cuja resposta, sendo bem compreendida, trará o necessário entendimento entre estas três grandes religiões,
cuja origem e sentido de existência está em se sujeitarem a Jeová, o Único Deus, criador de toda existência e nosso provedor.


      No início, quando Deus criou Adão, há cerca de 6.000 anos atrás, Ele o fez com um propósito, que era cuidar do Éden e ser líder entre todas as criaturas da terra, para isso Adão teria de ter algo que o diferenciasse das demais criaturas, deveria ter amor, compaixão, zelo, e sobretudo, consciência de seu papel neste cenário. Nenhum outro ser até então existente tinha estas qualidades, que são próprias do Criador. Desta forma Deus, soprando nas narinas do boneco de barro que havia feito, deu-lhe não apenas vida, mas também introduziu em seu ser o Seu próprio Espírito, que em hebraico se chama Neshama. (Ver nossa série de estudos intitulada "O Criador".



      Em que consiste a aliança que Deus fez com Abraão, Isaque, Jacó e Moisés e que foi renovada em Jesus, o renovo prometido desde o princípio? Consiste em espalhar a Neshama sobre todos os povos. E o que significa ser filho de Deus? Significa receber este espírito Neshama, que nos faz semelhantes ao Criador, e uma vez recebido, compartilhá-Lo com sinceridade. Deus porventura não é espírito? Compartilhando a Neshama, estamos compartilhando o próprio Deus, para que sobre todos venha a luz da consciência e da sabedoria divina.
      Porventura seria suficiente ser geneticamente filho de Deus sem receber a Neshama? É óbvio que não, pois a essência de Deus é espiritual, por isso não basta ser um descendente de Adão, o recebimento do Espírito de Deus e consequentemente, apresentando os frutos de amor, compaixão, zelo e consciência vindos do Criador é que se pode fazer parte da Grande Aliança que Deus quer fazer com todos os homens.
       Nos dias de hoje nós, cristãos, judeus e muçulmanos, no uso destes atributos divinos, que nos foram disponibilizados, devemos com sabedoria e sensatez, alcançar a meta final a qual nos foi prometida e que é o alvo principal destas três grandes religiões, que é a reconquista da eternidade perdida por Adão e isso não será possível se todos nós não aceitarmos Aquele que desde o início está prometido no Velho Testamento, livro que é aceito por estas três religiões, tomando posse também das promessas feitas no Novo Testamento e atentando aos poderosos sinais que ali estão preditos para os teimosos. 
         A Paz do Senhor, سلام الرب, השלום של ה ' a todos nossos irmãos cristãos, árabes e judeus e que o Espírito e Sabedoria do Senhor repousem sobre nossas mentes e corações.

Por Nelsomar Correa, em 21 de janeiro de 2016.

       Enriqueça sua leitura acessando estes textos desta série:

    Cristianismo e judaísmo - perspectivas imediatas (parte II)
       Cristianismo e judaísmo - perspectivas imediatas (parte III)
     
          

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