Cristianismo e Islamismo - perspectivas imediatas (parte III)

          ATENÇÃO: Esta é uma série de estudos, por isso sugerimos que leiam esta série sequencialmente para que acompanhem o desenvolvimento do raciocínio que pretendemos levar aos nossos leitores. Você encontrará os links desta série ao final deste texto. Obrigado

          Nesta terceira parte deste estudo que visa levar aos cristãos e também aos muçulmanos uma visão concisa sobre as relações históricas que as unem, iremos abordar o tópico 02, informado na primeira parte desta série, cujo objetivo é conhecer os motivos que levam diversos jovens e adultos a ingressarem em milícias armadas, que têm chamado a atenção da mídia internacional pela brutalidade e crueldade de seus atos terroristas em diversas partes do mundo, fazendo uso do nome da religião islâmica para justificar suas ideologias, muito estranhas para a compreensão de pessoas sensatas.


Além de milhares de adultos, dezenas de crianças cristãs foram degoladas pelo "Estado Islâmico"

      Nos dois primeiros estudos procuramos levar aos nossos amigos leitores uma breve explanação sobre a fundamentação da fé islâmica e suas origens, que remonta à vida de Abraão, com a finalidade de encaminhar, por meio de uma forma sensata, lúcida e racional, todas as discussões concernentes às diferenças e semelhanças que a une e a separa da fé cristã.
       Acredito ser uma unanimidade em todo o planeta terra a impressão de que os atos praticados pelos radicais terroristas que se utilizam indevidamente da religião islâmica, só encontram paralelos com a Inquisição Católica praticada na Idade Média. Vivemos há quase dois séculos da Revolução Industrial e o intelecto das gerações desde o início do século XIX até hoje tem se desenvolvido no sentido de se buscar uma melhor qualidade de vida individual e coletiva, o que resultou na multiplicação das leis que asseguram os direitos humanos, dos básicos aos mais sofisticados, dos direitos trabalhistas, do direito de expressão, do direito de ir e vir, do direito ao credo religioso, etc, e quando somos expostos à cenas bárbaras como o atentato de 11 de setembro e as recentes decapitações exibidas em vídeos na internet, somos compulsoriamente levados a questionar como houve falha tão grave no processo civilizatório deste planeta.
Esta foto retrata bem as diferenças sociais e ideológicas existentes no planeta terra.

              Não acredito que uma pessoa sensata possa concordar que não existam diferenças abissais entre a violência urbana, as guerras e guerrilhas existentes em diversas partes do planeta destes atos bárbaros praticados enganosamente em nome de Alá. Em qualquer país, a violência urbana quase sempre tem origem nas desigualdades sociais, que levam milhões de jovens a optarem por uma "emocionante" vida do crime; alguns sociólogos e profissionais da psicanálise acreditam que esta opção está associada aos nossos instintos mais primitivos, que gradativamente perdemos com o processo civilizatório, o que leva algumas pessoas a buscar emoções que possam substituir a sensação de perigo e medo que tínhamos quando o homem era desprovido do conhecimento e tinha que enfrentar constantes perigos para obter o seu alimento. Se na pré-história o homem, movido pelo instinto de sobrevivência enfrentava grandes perigos e para superá-los se uniam em grupos, na violência urbana dos dias atuais as causas não são muito diferentes. Os homens do mundo civilizado, em sua quase absoluta maioria não sobrevivem da caça e da pesca; desde a descoberta do uso da moeda, adquirimos nossos víveres mediante o dinheiro proveniente de nosso trabalho, porém o mundo mercantilizado de hoje, que retirou de grande parcela de indivíduos a possibilidade da caça, da pesca e do plantio, não foi capaz de dotá-los de uma nova modalidade de sobrevivência, ou seja, a oferta de trabalho é sempre menor que a demanda de trabalhadores, trabalhadores estes que no decorrer dos séculos perderam suas habilidades de pescar, caçar e lavrar a terra, e muitas vezes despreparados para o mercado de trabalho, são cooptados para o mundo do crime, estes não ostentam ideologia religiosa, política ou filosófica, apenas se enredaram por caminhos cujo retorno é altamente incerto, mas nem por isso a violência urbana deve ser encarada como um carma resultante do egoísmo humano, mas sim, suas causas devem ser minuciosamente detectadas e sanadas pelos governantes.


Possível cenário de uma terceira guerra mundial.

          As guerras e guerrilhas, ao contrário, emergem de desacordos políticos, territoriais, ideológicos e religiosos muito arraigados nos diferentes povos, tribos e nações que povoam a terra, suas raízes remontam há séculos e até mesmo milênios de história e exatamente por isso existem leis e tribunais que as julgam.

    Nos últimos tempos a humanidade tem testemunhado a existência de uma forma de violência que não se enquadra em nenhuma das muitas que sua história tenha registrado. Em nenhuma das grandes civilizações e impérios que surgiram, mesmo pelo uso da força militar, houve o uso de métodos tão cruéis e inesperados quanto aos usados pelos radicais, que juram agir em nome de Alá. A história humana registra a existência de povos bárbaros como os hunos, os vikings, os mongóis e outros, mas em todos estes ainda existia o beneplácito do diálogo e das negociações, o que até o momento, não parece ocorrer com estes diferentes grupos, cuja ideologia, eles próprios parecem não entender; suas ações terroristas normalmente visam surpreender não apenas pela imprevisibilidade, mas também pela intensidade da crueldade, uma vez que utilizam vítimas indefesas e que praticam o bem para os próprios povos de onde surgem seus recrutados, como é o caso de médicos da Cruz vermelha, da voluntários que distribuem alimentos ou promovem cursos para os mesmos e que se tornam suas vítimas.


Com engano, tentam fazer crer que defendem a fé islâmica

             Não é sensato nem justo relacionar estes grupos com os verdadeiros fiéis muçulmanos, tampouco às nações que têm o islã como religião oficial, haja visto que tanto autoridades políticas como religiosas destas nações aprovam o combate a estes grupos radicais; então porque motivos estes buscam impor a sharia, que é o direito fundamentalista islâmico? Em que versículos do alcorão se amparam para cometer tamanhas atrocidades? Em que capítulos da Bíblia poderemos encontrar algo tão macabro para o tempo do fim? 



Cristãos queimados na Nigéria por radicais muçulmanos

                      Assim como no Velho Testamento, em alguns livros Deus ordena aos israelitas que exterminem alguns povos que habitavam a terra de Canaã, o Alcorão, embora escrito após a primeira vinda de Jesus, que estabeleceu o Tempo da Graça, também apresenta em alguns livros ordens para exterminar os inimigos do Islã, como é o caso da oitava Surata, chamada Al Anfal الغنائم (Os Espólios) no versículo 12, onde diz: "E de quando o Senhor revelou aos anjos: Estou convosco; firmeza, pois, aos fiéis! Logo infundirei o terror nos corações dos incrédulos; decapitai-os e decepai-lhes os dedos!". A 47ª Surata chamada Mohamed محمد, no versículo 4 também fala sobre ferir os inimigos no pescoço. 

Os muçulmanos não aprovam a divulgação de supostas gravuras de Maomé.

          Notem que estes versículos, se analisados sem a devida contextualização, podem ser interpretados como uma apologia aos movimentos terroristas que ilustramos por meio de algumas fotos difundidas por mídias eletrônicas, porém, é necessário conhecer o contexto em que foram escritos: Antes do islã, os povos da Península Arábica adoravam cerca de trezentos e sessenta deuses e semideuses, tais como Hubal هبل , cuja estátua de ágata vermelha ficava próxima à Caaba, em Meca, e outros deuses e deusas menores como Allat اللات,  a deusa da lua, Al-Uzza العزى, a deusa da fertilidade, entre outros, e este versículo se refere à perseguição que os adeptos do politeísmo faziam aos monoteístas islâmicos.
         O Alcorão é bastante claro quando se refere aos judeus e cristãos, que são chamados em seus diversos capítulos como "as pessoas do Livro" que é a Bíblia. Como já dissemos nos estudos anteriores desta série, os islâmicos não acreditam ou não entendem bem a doutrina da Trindade de Jesus, por isso entendem que os cristãos são politeístas, uma vez que a sua maior parte crê que Jesus também é Deus, iguais em sua natureza, porém não atribuem o erro à Bíblia, mas à interpretação que se faz dela. É necessário também informar que nem todas as denominações católicas e protestantes acatam a doutrina da trindade tal como foi definida no Concílio de Nicéia. 
             Algumas pessoas menos prudentes interpretam com grave erro o versículo 29 da nona Surata denominada Al Taubah التوبة و (O arrependimento) que diz: "Combatei aqueles que não creem em Deus e no Dia do Juízo Final, nem abstêm do que Deus e Seu Mensageiro proibiram, e nem professam a verdadeira religião daqueles que receberam o Livro, até que, submissos, paguem o Jizya." Em diversos versículos deste mesmo capítulo Maomé está se referindo aos povos idólatras que combatiam o islã e dentre estes haviam os descendentes de Ismael, que formavam a mais poderosa tribo de Meca, os Quraysh, que se tornaram politeístas e eram guardiães da Caaba, e cita a Batalha de Hunain, onde, segundo relata, Deus enviou um grande exército para auxiliar os muçulmanos que estavam quase sendo derrotados. Quando se referem às pessoas que receberam o Livro, está se referindo aos judeus e cristãos que creem em Deus e no Dia do Juízo, os quais professam a verdadeira religião, o que não ocorria com os Quraysh (ou Coraixitas) que eram descendentes de Ismael e idólatras. Ao ler todo o capítulo 9 e conhecer as diversas batalhas que os muçulmanos tiveram de enfrentar no início do islã, então se saberá fazer a correta interpretação deste versículo. Não podemos, definitivamente dizer que estes terroristas do Estado Islâmico (ISIS) e outros grupos radicais ditos muçulmanos estão avalizados pelo Alcorão.
                No Livro de Daniel capítulo 11:21-45, contudo, está prevista a ascensão de um homem vil, ao qual não se dará dignidade real, que virá caladamente, e tomará o reino com engano, se tornará forte com pouca gente, que não respeita o Deus de seus pais, e em Seu lugar honrará a um deus das forças, a quem seus pais não conheceram, que se engrandecerá sobre todo deus e sobre o Deus dos deuses, falará coisas espantosas, não respeitará o direito e a vontade das mulheres, com a ajuda de um deus estranho agirá contra poderosas fortalezas e aos que o reconhecerem multiplicará a honra e aos violadores da Aliança, ele com lisonjas perverterá e o seu coração será contra a Santa Aliança. 
              A vontade do Deus Único e Soberano, Deus de Adão, Noé, Abraão, Isaque, Jacó, Moisés, Jesus, em quem os muçulmanos também afirmam crer e adorar virá à existência e Suas infalíveis e tão antigas palavras não passarão do tempo determinado para se cumprirem!

               Por Nelsomar Correa, em 10.10.2014

            Enriqueça sua leitura lendo os demais estudos desta série nestes links:

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